domingo, 1 de setembro de 2013

Por mim...

   A vida tá passando tão depressa e eu tô perdida na pressa dela.
    Ando pensativa, as vezes me calo, as vezes falo além do necessário, tudo na tentativa de me entender, me decifrar, me encontrar...
    Desejos antigos voltam a me assombrar... Desejos novos me tomam por todos os lados, entre todas as brechas... Me devoram!

    Ando com uma enorme vontade de vida... Quero sentir, quero tocar, quero viver a vida.

    Me deparo amarrada aos pés da razão, aos pés do que já é de meu conhecimento... Mas, meu desejo do desconhecido a cada segundo, se firma... A cada dia, me engole.

    Muitos me acham ''a sorte que a tua mãe teve'', só por eu não reagir e agir como ela e todos os outros acreditam ser o melhor pra mim... Mas, será que é o melhor?
    Respondo que... Não, não é o melhor, não é do meu agrado, nem tudo tem sido exatamente como idealizo.

    Minha cabeça anda numa enorme confusão... Minha garganta anda seca, devido a tantas palavras amontoadas, a tantos desabafos abafados pelo silêncio.

   Ando com vontade de fazer as malas e me jogar numa estrada qualquer, sem sentido, sem datas, apenas eu e meu interior...
   Quero o cheiro do mato, correr pela relva logo de manhãzinha, um banho de cachoeira, um mergulho no mar, uma flor no cabelo, um cheiro de um tempero...
   Quero me unir aos estados do meu país... Quero ver as tantas diferenças que há por aqui.
   Quero olhar nos olhos, quero beijos, quero amassos, carinhos e carícias...
   Quero um amor correspondido, sem meio termos, nem meias palavras... Ou é amor, ou não é. Ou sente, ou não... Não gosto de nada pela metade.

   Quero desafogar o meu interior, quero jogá-lo ao mundo e descobrir de fato, em qual canto do mundo eu pertenço.

Na primeira vez, me encontrei.


Após minha primeira transa, o corpo ainda agitado por dentro, soando por fora e o coração acelerado, me calei... Só ouvia minha respiração, meio confusa.
O meu amor, ao lado, também permaneceu em silêncio... Respeitou meu momento. Compartilhou da minha descoberta.
Permanecemos ali, corpos lado a lado, mãos dadas e o silêncio... Até que um certo momento, meu amor já inquieta e confusa com minha falta de reação e olhos fixados no teto, me pergunta:
- O que há? Não gostou? Se arrependeu?... Diga!

Meus olhos começaram a marejar, a garganta a embargar, e lentamente, fechei meus olhos e disse:
- Foi perfeito. Foi melhor do que imaginava...
- E por quê chora? Por quê desse silêncio tão barulhento e dessas lágrimas?
- Me encontrei...
- Como? Se encontrou? Não compreendo.
- Me encontrei, depois de tanto me perder de quem eu sou.
- Ainda não entendo.
- Por toda minha vida quis fugir de mim... Não me aceitava, não aceitava minha identidade...
Mas, com você, me senti a vontade pra mostrar de verdade minha face, a face que tranquei por dentro de mim. Sempre reneguei essa parte de mim. Sempre soube que isso era parte importante de mim, mas sempre reneguei.
Não é fácil carregar isso, quando se sabe que ao expor, nem todo mundo permanecerá com você... Mas, você me fez ultrapassar o medo.
Olha onde vim parar... Cruzei mares, fronteiras, estradas só pra está aqui, agora, com você. Tem noção da sua importância a partir de agora na minha vida?
 Por mais que um dia deixemos de nos acompanhar, de seguirmos juntas, sempre lembrarei de ti, sempre lhe serei grata por me permitir e me ajudar a ser quem sou.
- Mas, não há problema no seu ''ser quem sou''... Você é perfeita assim, você continua especial assim.
Não deveria ter esperado por tanto tempo pra se encontrar. Na verdade, você sempre soube onde esteve, mas preferiu guardar essa parte tão importante de você, a parte que lhe define.
Mesmo que nos percamos na caminhada, serei sempre grata por ter te feito se encontrar. Espero que nunca mais se perca.
- Prometo não mais me perder, mesmo que eu encontre dedos julgadores, que me apontarão como doente. Irão querer me dá ''a cura'', a tal da cura... Mas, se pra ser eu mesma, se pra ser feliz e de uma certa forma, livre... Prefiro continuar doente. Que a cura nunca se aproxime de mim.
Obrigada, minha amada... :)
- É uma honra, amada minha! :)

Texto da Música ''Vênus'', por Paulinho Moska



''Perceba que o que nos configura
É sempre essa beleza
Que jorra do nosso jeito de olhar
Nosso jeito de dar amor
Nos dar amor
Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor nos domine?
Minha resposta? o amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha. como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.''