quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sofia, Sofria!


















 Hoje, numa conversa entre amigos, acho que entreguei um pouco de mim. Mas, sem a menor pretenção.
Conversa vai, conversa vem e paft... Falei alguma coisa que me fez ser olhada diferente.
Todos na mesa me olhavam, tentando disfarçar o espanto, mas eram olhos tão chocados, que não tinha como não perceber o clima que se instalava ali.
Descubriram que a doce Sofia, vivia um drama na vida: quem eu sou? O que eu quero?
Me jogavam indiretas pra ver se eu caia de novo e falava mais um pouco. Mas, me fiz de esperta e misteriosa outra vez.
Eles não podiam descobrir quem eu era, até porque eu também não sabia...
Fui falando de amor, de desejo, de mudança, de medo e eles foram juntando o meu desabafo e formando conceitos... Nunca, em toda minha jovem vida, falei de meus sentimentos... Ouvia os parentes, os amigos, os vizinhos, o casal na padaria falando de amor, e eu apenas ouvindo. Ouvia todos falando de seus desejos, alguns estranhos, e eu apenas ouvindo. Ouvia falarem de seus medos, seus defeitos, e os meus continuavam comigo, guardados no meu silêncio
Isso é ruim... Eu queria falar de mim, falar sobre as coisas que sinto, mas o que é que eu sinto afinal? O que eu quero? Quem eu quero ser... ou não?
Vejo meus amigos tão livres, tão soltos, exalando liberdade e coragem de ir a frente em seus desejos, mas eu fico ali, imóvel, sem saber o que fazer.
Queria falar de amor, de sonhos, de desilusões... Queria contar sobre uma viagem fantástica que fiz, ou planejar com eles uma que poderíamos ir...
Tenho medo de continuar nessa vida parada, cheia do nada e ninguém. Tenho medo de não viver um amor, ter filhos, um lar, uma história. Será que não terei uma história? Ou será que terei: Sofia, uma menina sem ambições, que não viveu um lindo ou louco amor, que nunca saiu da cidade, não teve filhos, não fez aquela viagem, não cometeu nenhuma loucura ou tentou ser feliz....?

Oh vida! Tu que és a senhora do meu destino, me ajude. Eu não sei o que fazer. Não quero ser só mais uma coisa no mundo, quero ser a Sofia, aquela que viveu, tentou, errou e acertou... Não quero ser só uma estatística da cidade... Quero ser a mulher que tentou ser feliz e viver.

As vezes penso em me atirar num lago e deixar que ele me leve, mas aí algo me impede e eu volto. Volto cheia de esperança, sonhos e vontades... Mas, nunca saio do imaginário e fico assim: incompleta.
Quero que a vida me leve e me complete com uma mulher deve ser...

Mas, enquanto ela não vem me buscar, me recolho no silêncio. Não deixo que leiam meus olhos, nem meus pensamentos. E assim volto a ser um mistério para os meus e para mim mesma.

E eu, Sofia... Continuo sofrendo e sendo um segredo para o mundo, sendo um segredo para mim.

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